Campinas mais uma vez sofre com um escândalo de corrupção envolvendo dinheiro público. A Operação Ouro Verde, que teve início em novembro 2017, revelou um esquema de desvio de recursos dos cofres da Prefeitura por um grupo ligado à Organização Social Vitale, que administrava o hospital até então.

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o esquema contava com a participação de funcionários públicos, empresários e até um secretário municipal. Os promotores do Ministério Público, por sua vez, descobriram os desvios graças ao trabalho do vereador Pedro Tourinho, que denunciou as irregularidades da Vitale (Pró-Saúde), antes dela ser escolhida para administrar o Hospital Ouro Verde.

Na época, Tourinho fez um alerta sobre as irregularidades da organização social durante a licitação. O vereador descobriu que a Vitale, que inicialmente no processo licitatório aparecia com o nome de Santa Casa de Bariri, e seria apenas uma empresa de fachada da organização Pró-Saúde, já estava sendo acusada de irregularidades em outros processos e não tinha as condições mínimas para participar da disputa.

A licitação foi suspensa naquela ocasião, porém, após alguns meses, a organização mudou o nome para Vitale e apresentou certificados falsos, segundo o Gaeco, para participar do novo processo licitatório, em que acabou sendo escolhida pelo governo de Jonas Donizette (PSB).

Dois anos antes da Operação do MP, Pedro Tourinho avisou das irregularidades:

Após a organização assumir a administração do hospital, Tourinho novamente fez alertas à Prefeitura durante seu trabalho na Câmara Municipal. Diante da omissão e negligência do governo Jonas, o vereador apresentou requerimentos para solicitar informações sobre o contrato da administração pública com a Vitale. O Jornal Metro Campinas repercutiu os ofícios de Tourinho, o que chamou a atenção dos promotores do Gaeco.

Em Campinas, a Operação Ouro Verde teve até outubro deste ano três fases e prendeu pelo menos 18 pessoas que são acusadas por crimes como organização criminosa, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Segundo os promotores, as irregularidades apuradas na esfera criminal representam um desvio de R$ 7 milhões.

Os prejuízos aos cofres públicos, no entanto, podem chegar a cerca de R$ 40 milhões, segundo um relatório de uma auditoria interna da Secretaria de Saúde, que levou em conta o gasto com verbas trabalhistas, previdenciárias, desvios de materiais e despesas com prestação de contas irregulares. Uma reportagem do G1 Campinas mostrou, inclusive, que o montante pagaria 83,5% das despesas com a Covid-19 na cidade.